segunda-feira, 25 de março de 2013
# 125
Curiosa contaminação a que ocorre entre A Caça de Thomas Vinterberg e O Caçador (The Deer Hunter) de Michael Cimino. Os cenários naturais, a pequena comunidade, rituais que fortalecem relações, e a própria caça ao veado. A guerra e o inimigo é que são totalmente outros. O facto de sabermos sempre da inocência de Lucas leva a que sejam os restantes elementos adultos do filme objecto de escrutínio. Existe a culpa particular e generalizada que se manifesta como se pudesse ser apenas redimida pelo sacrifício de Lucas (impecável Mads Mikkelsen, de vulnerabilidade e força). Um incómodo que o filme de Vinterberg dá a sentir sem que seja alguma vez nomeado. Fantasmas pessoais acompanhados da tacanhez moral que os liberta a instintos de justiça cega. A funcionalidade do mundo prestes a ser posta em causa pela perturbação aumentada à desproporção.
Em tempos de paz exterior outras guerras existem prestes a eclodir. Inimigos mais difíceis de combater porque habitam dentro de nós. Por isso as duas caçadas que seguem em paralelo. Uma dirigida a Lucas pelas outras personagens, homens e mulheres. Outra dirigida a todos sem excepção pelo próprio filme, e a nós também. O desconforto existe mais pelo que não se vê nem fala e que passa directamente para a consciência do espectador. Daí a secura de A Caça e a sua eficácia.
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