terça-feira, 21 de maio de 2013

# 218




Esta canção é uma boa defesa da definição "Broadway meets Gotham" aplicada ao álbum Black Celebration (1986) dos Depeche Mode. Ocorreu-me quando voltei a escutar um disco descoberto (comprado na altura em vinil) teria eu a idade de quando Leonardo Jardim apenas sonhava ser treinador do Sporting. Os meus sonhos não se projectavam no futuro como os dele. Sonhava com as coisas que sonho hoje, sonhos que reciclamos a vida inteira como se não houvesse capacidade de com eles aprender, ou tivéssemos extrema dificuldade em lidar com a realidade do que somos. A editora dos Depeche Mode também não soube o que fazer ao ser confrontada com este ciclo de canções, musical futurista e sombrio cheio de melodias envolvidas por ambientes sonoros electrónicos que tendem a aumentar a duração de cada faixa além do que as rádios comerciais toleram. Outro dia passei na Flur e encontrei vários discos dos Depeche Mode, todos do período anterior a Black Celebration que conheço pouco para lá dos singles. A música que os DM faziam era synth pop e passaram depois a chamar-lhe synth rock. Passou a ser mais densa e a energia das canções mais robusta também. A sequência Black Celebration, Music For the Masses e Violator representa para mim a melhor fase dos DM. O equilibrio de forças entre a Broadway e Gotham é que não voltou a ser o mesmo. Isto não faz de Black Celebration o melhor disco dos DM, antes aquele que se demarca de todos os outros. 

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