sexta-feira, 17 de maio de 2013

# 214




"Marine Vacth (como jovem prostituta no filme de Ozon) é já um rosto e um corpo para Cannes 2013". Mais valia chamarem-lhe filme do desassossego. François Ozon não é cineasta a que seja indiferente, embora sejam menos os filmes dele de que gosto: de Sous le Sable e de 5x2 gosto muito. E agora este. Assim pela apresentação, pelo teaser e os ecos da Croisette, duas coisas a dizer. Uma jovem prostitui-se para se descobrir (enquanto pessoa). Nada a obstar ao facto do sexo poder ser um revelador da personalidade. Diz-me como te portas na cama (reservado/a, generoso/a, frio/a, quente, discreto/a, exibicionista, isso). Daí até à prostituição é que não sei se pode ser considerado avanço ou recuo. E depois a questão do desejo feminino, filmado como é de tradição por um homem. Se o desejo liberta a mulher, aprisiona o homem. Queremos a nossa fantasia de acordo com as nossas condições. Facto. Como é que ficamos Mr. Ozon? Ficamos à espera, guardando as mesmas dúvidas de sempre, que se enrolam tal qual um novelo dentro da cabeça. Jeune et Jolie rima com Françoise Hardy. É verdade. Será honesto? 

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