segunda-feira, 7 de outubro de 2013

# 386




















Foi coerente até ao final a filmografia de Sydney Pollack: dos ainda clássicos, um dos românticos. O tema central da sua obra foi invariavelmente o encontro de um homem com uma mulher, tantas vezes concluído numa despedida. Digo tantas vezes com a convicção de que foi em todas as vezes. Pollack levou fora do cinema a mais comum das vidas: em tempos actuais menos comum. Foi casado e pai de família. O cinema permitia-lhe projectar-se nas existências dos seus protagonistas: homens e mulheres. Nos planos finais de A Intérprete (2005), obra que oscila entre a sobriedade fora de moda e a tensão dramática modelada em best-sellers, resultando num tom de muito apreciáveis meias-tintas, registo o último encontro de Silvia (Nicole) e Tobin (Sean). Mais uma despedida. Ela será deportada para África e ele passará a viver com a África dela no pensamento. O casaco de bombazine de Tobin Keller cria a identificação com os heróis do cinema liberal da década de 70 (Redford primeiro entre iguais). África em sonhos de cinema é também Sydney Pollack em estado puro. E em puro estado se foi, guardado nos pensamentos de quem continuará a despedir-se dele através do filmes.

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