quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
# 477
Pergunte-se a umas 100 pessoas e só duas ou três escolherão All is Lost sobre Gravity. Faz todo o sentido compará-los. Troque-se o espaço sem fim pela imensidão do mar. Sandra Bullock por Robert Redford (é já!). O comum infinitésimo humano abandonado aos seus engenho e desejo de sobrevivência. Mas enquanto que Gravidade tem demasiado ruído, diálogos explicativos, metafísica de pacotilha, e psicologia para adolescentes, All is Lost usa ingredientes que se equivalem àqueles com moderação, secura até, e um sentido de realismo mais plausível. Não é grande filme, mas tem uma grande interpretação. Há o caderno de encargos mínimos que qualquer projecto tem de cumprir no contexto industrial do cinema. O efeito redundante da música. O decorativismo de alguns apontamentos visuais. Bem pesadas as coisas, e confrontando-o de novo com o planetário sentimentalão de Alfonso Cuarón, este filme de J.C. Chandor poderá ser olhado como pequeno milagre que é. Dificilmente repetível, passe a redundância.