segunda-feira, 23 de setembro de 2013

# 376






































The Osterman Weekend foi o último filme realizado por Sam Peckinpah. É de 1983. Tem um plot confuso que tende a desviar a atenção do essencial: a luta entre a boa imagem e a má imagem. Do lado dos bons, a imagem cinematográfica que Peckinpah cultivou até ao fim com esmero e ferocidade raros. Pelos maus, entenda-se a televisão e os sistemas de video-vigilância. Parece também um filme de John Carpenter, no sentido em que é muito mais do que aquilo que se vê, e abre-se a uma leitura especulativa. O facto da maior parte da acção estar concentrada na casa da família Osterman, no decurso de um fim-de-semana que começa festivo e termina sangrento, também faz lembrar Carpenter. O cast é uma mistura de vários tipos físicos e tipos de actor. Nada há de comum entre John Hurt e Rutger Hauer. E The Osterman Weekend ao expor a manipulação a que estamos sujeitos por quem nos governa, ou pela televisão entendida enquanto elemento produtor de consumo e esquecimento, revela-se um filme de inesperada actualidade. Mas o mais decisivo é uma frase dita no filme que descreve o que se está a passar como uma "snuff soap opera". Traduzido para os dias actuais, um reality show onde morrem pessoas. É só o que falta.

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