Novidades.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
# 379
A informação de que foi gravado num estúdio chamado Cacophony só pode ser piada de bom gosto. Percebe-se logo o quão extraordinário é, e seguirá pela mesma bitola faixa após faixa: os arranjos a projectarem-no nos céus e outros espaços abertos, ao passo que a voz o prende firme onde está, aonde a música acontece. 40 minutos.
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
# 377
Um concerto de June Tabor representa um só risco, como se compreende, comum ao acto de escutar os discos dela. O de nos deixarmos aprisionar pela idealização de narrativas amorosas "que correram mal", tomando a nossa vida sentimental por reflexo dessa condição, que a voz de June Tabor deixa suspensa num firmamento sublime. Quando a vida é tão menos bela e se encontra em permanente renovação.
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
# 376
The Osterman Weekend foi o último filme realizado por Sam Peckinpah. É de 1983. Tem um plot confuso que tende a desviar a atenção do essencial: a luta entre a boa imagem e a má imagem. Do lado dos bons, a imagem cinematográfica que Peckinpah cultivou até ao fim com esmero e ferocidade raros. Pelos maus, entenda-se a televisão e os sistemas de video-vigilância. Parece também um filme de John Carpenter, no sentido em que é muito mais do que aquilo que se vê, e abre-se a uma leitura especulativa. O facto da maior parte da acção estar concentrada na casa da família Osterman, no decurso de um fim-de-semana que começa festivo e termina sangrento, também faz lembrar Carpenter. O cast é uma mistura de vários tipos físicos e tipos de actor. Nada há de comum entre John Hurt e Rutger Hauer. E The Osterman Weekend ao expor a manipulação a que estamos sujeitos por quem nos governa, ou pela televisão entendida enquanto elemento produtor de consumo e esquecimento, revela-se um filme de inesperada actualidade. Mas o mais decisivo é uma frase dita no filme que descreve o que se está a passar como uma "snuff soap opera". Traduzido para os dias actuais, um reality show onde morrem pessoas. É só o que falta.
# 375
"A Sida, o Amor, e os Cães". Tal como na tradução do título de uma comédia com Billy Crystal, que do original City Slickers fez "A Vida, o Amor, e as Vacas". O riso podia ser resposta de Joaquim Pinto ao desespero motivado pela sua condição clínica (a serpositiviodade), não fosse ele ter-se agarrado à vida, à sua história, à cultura no mais abrangente sentido, na edificação desta arqueologia de tudo que é E Agora? Lembra-me. Joaquim Pinto fez um filme de combate mais que de resistência. Um filme que quer ganhar o presente de cada instante, um testemunho de vida superior à maior adversidade, uma afirmação permanente do sujeito do seu autor, um cinediário ao mesmo tempo concreto e subjectivo, geográfico e mental. Tudo ligado por uma corrente de amor cujo núcleo é constituído pelo seu companheiro e pelos vários cães que recolheram juntos, que ramifica e se estende para as muitas áreas de interesse de Joaquim Pinto, e para as afinidades que o cinema ajudou a criar. E Agora? Lembra-me vai do muito micro ao muito macro, do lugar aqui e agora ao mundo de há milhares de anos. O homem contém multitudes. Qualquer homem, qualquer. Mas é preciso ser-se homem de cultura (um artista) para saber organizá-las de maneira a que a experiência individual ecoe no globo em que vivemos e nas vidas de nós todos.
(no Festival Queer)
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
terça-feira, 17 de setembro de 2013
# 372
Um dia que dê de caras com Geoff Dyer hei-de perguntar que música especificamente ele escutava nas suas diletâncias pela Luisiana acompanhado do amigo Donnelly.
segunda-feira, 16 de setembro de 2013
sexta-feira, 13 de setembro de 2013
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
# 366
Anthony Soprano e Chris Moltisanti estão de regresso de Nova Iorque onde procuravam um acordo com o Boss local sobre lucros da remoção e despejo de material tóxico. Chris conduz de forma inquieta (é da cocaína), o carro onde vão embate de raspão num veículo que se desloca em sentido contrário, despista-se, capota sucessivas vezes, e Chris que não levava o cinto posto fica em muito mau estado. Tony não chama logo o 911 (urgências), tapa-lhe o nariz e o outro morre por falta de oxigénio e também sufocado no próprio sangue. A monstruosidade de Anthony Soprano fica à nossa vista como nunca até aqui. A partir desse momento acreditamos que ele pode matar qualquer (qualquer!) pessoa se isso lhe trouxer alguma vantagem. O modo como procura distrair-se da culpa que pode transparecer para outros tornará a constatação mais óbvia ainda.
Cansado da hipocrisia que observa nos funerais (diz ele), junto com a necessidade cada vez maior de se evadir das contingências ao seu redor, resolve partir uns dias para Las Vegas. Aí encontra uma ex-stripper conhecida de Chris Moltisanti com quem se vai envolver e com quem toma pela primeira vez peiote (pequeno cacto de efeitos psicadélicos). Os dois entram no Casino e Tony começa a ganhar de forma imparável. Têm estampado nos rostos aquela estupefacção característica de quem está a alucinar. Toda a cena acentua o absurdo do que vemos. O absurdo termina ao nascer do Sol onde Tony experimenta uma epifania mantida em segredo para nós.
Francamente, depois deste episódio, que com ironia recebeu por título o nome das duas raparigas que ocupavam o carro onde embateram Chris e Tony (Kennedy e Heidi), um episódio também marcado por cenas de violência gratuita envolvendo as novas amizades do filho de Anthony Soprano (A.J.), e faltando apenas três episódios para o final da série, o que prevejo é que nos encaminhemos para uma espécie de Apocalipse. Os Sopranos contam uma história de violência que perdeu qualquer possibilidade de redenção. A confirmar nas próximas horas.
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
# 365
Achei esta imagem logo extraordinária mesmo desconhecendo os contornos macabros da história por detrás dela. Uma criança a quem arrancaram os olhos até às córneas com o intuito de os venderem a um qualquer traficante de órgãos. Não é concebível imaginar o sofrimento a que Guo Bin foi submetido, nem a tristeza que sobre ele se abaterá ao tomar consciência de que nunca mais poderá ver. Mas foi possível para mim olhar a imagem isolada do seu contexto: modo da imagem que "é" imagem se distinguir da vulgaridade de todas as outras. Uma imagem que retrata a experiência inocente do amor, que se traduz somente no prazer da proximidade de dois corpos que se reconhecem. Notem as mãos e os braços de Guo Bin. O urso, em fundo, transforma o resto numa quase alegoria da infância (perdida). Imagem creditada à AFP.
Adenda: alguém chamou a atenção para as notas nas mãos da mulher, pormenor que me tinha passado completamente ao lado.
terça-feira, 10 de setembro de 2013
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
# 359
O trabalho do actor não tinha mistérios para Sydney Pollack. A tarefa consiste, para alguns, na desmistificação desse mesmo trabalho, de que resulta a esplendorosa evidência do que está no guião: palavras e acções.
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
# 357
«The last time I saw Richard was Detroit in '68. And he told me all romantics meet the same fate someday. Cynical and drunk and boring someone in some dark café. You laugh he said you think you're immune. Go look at your eyes they're full of moon. You like roses and kisses and pretty men to tell you all those pretty lies pretty lies. When you gonna realize they're only pretty lies. Only pretty lies just pretty lies.
He put a quarter in the Wurlitzer and he pushed three buttons and the thing began to whirr and a bar maid came by in fishnet stockings and a bow tie. And she said "Drink up now it's getting' on time to close". "Richard, you haven't really changed" I said. It's just that now you're romanticizing some pain that's in your head. You got tombs in your eyes but the songs you punched are dreaming. Listen, they sing of love so sweet, love so sweet. When you gonna get yourself back on your feet? Oh and love can be so sweet love so sweet.
Richard got married to a figure skater and he bought her a dishwasher and a coffee percolator. And he drinks at home now most nights with the TV on and all the house lights left up bright. I'm gonna blow this damn candle out. I don't want nobody comin' over to my table. I got nothing to talk to anybody about. All good dreamers pass this way some day. Hidin' behind bottles in dark cafes dark cafes. Only a dark cocoon before I get my gorgeous wings and fly away. Only a phase these dark café days.»
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
# 355
terça-feira, 3 de setembro de 2013
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