quarta-feira, 23 de abril de 2014

# 547















Beleza e virtude. Também incorro no lapso de fazer corresponder virtude a beleza. Não ao ponto de achar que alguém acusado de crime poderá estar inocente em consequência de ser belo.
Dou o exemplo da jovem artista-performer suíça, Milo Moiré, que numa das intervenções públicas, onde invariavelmente surge completamente nua, vemos deitar ovos enchidos com tinta sobre uma tela: ovos saídos da sua vagina. O comentário que produzi de imediato foi, "a miúda é um traço, não havia necessidade". Faço agora um mea culpa. Isto denota uma visão (a minha) ingénua, deturpada, redutora do mundo. E da mulher. Embora seja também, no caso, a constatação de duas realidades indesmentíveis. A miúda é de facto um traço; e de facto que necessidade existe, à parte do efeito sensacional gratuito, de concretizar intervenções "artísticas" tão rasteiras.
Mas quando a falta à virtude diz respeito à beleza que existe no espaço da nossa intimidade é que é o caraças. Para os que gostam de poder privar com um pouco de beleza.  

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